terça-feira, 2 de agosto de 2011

Considerado gordo, ex-PM briga para retomar atividade

diminuatorContra a balança. Com 85 quilos, ex-soldado Carlos Magno Oliveira alega que peso é fruto de malhação pesada e não de obesidade

Depois de passar em um concurso público e exercer por seis anos a tão sonhada carreira militar, o economista Carlos Magno Oliveira, 33, trava uma batalha judicial para retomar o posto de soldado do 33º Batalhão da Polícia Militar, em Betim, na região metropolitana da capital.

Oliveira foi exonerado da corporação em novembro do ano passado, ao ser derrotado numa ação que o possibilitou ingressar na polícia mineira. Com 85 kg, os mesmos de 2004, quando foi aprovado no concurso da corporação, o ex-soldado Magno foi considerado obeso, portanto, fora dos padrões.

O entrave que gerou a briga nos tribunais foi o Índice de Massa Corpórea (IMC) do ex-soldado: 30,1, considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como indicativo de obesidade de nível I. O IMC aceitável pela corporação varia entre 18,5 e 29,9. O ex-soldado questiona a reprovação e diz que foi considerado apto para o cargo ao ser aprovado nos testes físicos e psicológicos.

O economista afirma que a razão do seu sobrepeso é massa muscular, fruto de uma rotina de exercícios físicos pesados e não de gordura. "Sempre fiz esporte e lutas marciais. Tenho massa magra. Qualquer um que me ver vai entender que não estou gordo".

Novela. Em 2004, uma liminar permitiu que o ex-militar fizesse os testes físicos - corridas, abdominais e natação - e psicológicos necessários para o ingresso na carreira militar e assim ele começou a atuar como policial.

A primeira vitória na guerra judicial veio três anos depois, quando uma perícia feita por um médico do Tribunal de Justiça e por outro especialista indicado pela própria Polícia Militar atestou que o economista estava apto para o trabalho na corporação.

No entanto, o Estado recorreu da decisão e agora na nova sentença, de segunda instância, a desembargadora Tereza Cristina da Cunha Peixoto argumentou que a perícia não poderia ser considerada legal porque não refletia a condição física que o ex-soldado apresentava na época em que foi reprovado pelos militares. "Acho injustiça porque não fui eu quem demorou para marcar a perícia. Sou formado em economia, mas faço questão do emprego porque amo a carreira militar", disse.

Seleção. O tenente-coronel Luis Junqueira, chefe do Centro de Recrutamento de Seleção da Polícia Militar, informou que depois de passar na prova escrita do concurso, só então o candidato passa pela avaliação médica que calcula o IMC. O tenente-coronel explicou que o candidato só passa para a fase dos testes físicos e, por fim, psicológicos quando é aprovado no critério do IMC. "Todas as etapas são eliminatórias". O ex-soldado, segundo ele, só seguiu no concurso amparado pela liminar.

A professora de nutrição Maria Isabel Correia, da UFMG, explica que a gordura magra é mais pesada do que a gordura gorda e, por isso, o IMC não é capaz de medir a obesidade de alguém. "O IMC analisado de forma isolada não diz nada. Esse índice é usado para avaliar uma população e não casos isolados. Se você pegar o IMC de um lutador, ele é obeso. No entanto, ele só tem massa magra", disse. A nutricionista afirma que o IMC deve ser avaliado no contexto de uma avaliação médica clínica.

O capitão Felício do 33º batalhão, que comandou Oliveira ao longo dos últimos seis anos, disse que o policial tinha ótimo desempenho nas ruas. "O preparo físico dele era um dos melhores que já vi".

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