quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Filosofia no ensino Fundamental, Qual seria a sua importância?

A luta para introduzir a disciplina de filosofia no ensino fundamental e médio é ineficaz caso não se tenha capacidade fundamental de exercitar o ato de filosofar nas salas de aula. No entanto, não existe uma Filosofia - como uma Fisíca ou uma Quimica -, o que existem são filósofos podendo o professor (filósofo-educador) privilegiar certas linhas de pensamento e de metodologia, sejam elas a didática, a fenomenologia, a racionalidade, etc ...

Também diferentemente de outras disciplinas, não há um pré-requisito para se introduzir a Filosofia a não ser quanto aos cuidados necessários com o estágio de competência de leitura e abstração dos alunos, bem como o universo de conhecimentos e valores que cada um deles já traz consigo.

Antonio era um cara pensativo. Às vezes, saia com os amigos e, no meio do papo na mesa do bar, começava a pensar em certas coisas e se esquecia do resto. ¨Puxa, o que é que eu estou fazendo aqui? Qual o sentido disto tudo?¨ Não que essas questões -e muitas outras- tirassem o seu sono, mas ele se divertia pensando nelas, pois nunca conseguia chegar a uma conclusão.

Pensar nelas era uma diversão, como conversar com os amigos ou como para alguns é divertido jogar paciência. Os amigos às vezes até se incomodavam um pouco com isso, mas gostavam demais de Antonio para implicar com ele.

Ficava tudo na brincadeira. Um dia quando estava lá, pensativo e distraido, Carlos lhe disse: ¨Pô cara! Fica ai no mundo da lua, até parece que está filosofando! E ele pensou: Mas será que isso que eu faço, de ficar asssim pensando com calma nas coisas é Filosofia?

A primeira idéia que nos vem à cabeça quando tentamos definir a filosofia é a de buscar uma razão histórica para a sua existência. E como aqui não se tem a intenção de defini-la e nem de localizar precisamente a sua origem, preferimos admitir a filosofia com o ¨ato de filosofar¨e, com base nisso compreender o homem como um ser situado numa época que se sente perplexo com a realidade vivida e começa a se interrogar sobre tal realidade, buscando uma razão fundamental para tudo o que existe.

A primeira experiência com o ¨ato de filosofar¨de que temos conhecimento deu-se na Grécia Antiga. Desde o momento em que os gregos distinguiram os relatos miticos da nascente Filosofia, valeram-se da defesa da racionalidade. Mas a razão dos gregos não é a mesma dos pensadores medievais que subordinaram a Filosofia como Serva da Teologia, às verdades inquestionadas e inquestionáveis da fé. Nem é a mesma razão dos modernos que indagavam sobre o ponto de partida do conhecimento, a fim de conhecer a capacidade mesmo de conhecer. Recrudescendo esse questionamento, Kant colocou a razão num tribunal para avaliar criticamente seus limites e possibilidades, o que em última análise criou um impasse para a metafisica.

No século XIX, com o desenvolvimento acelerado das ciencias particulares o cientificismo positivista procedeu a um reducionismo: ao valorizar de maneira exagerada o conhecimento cientifico com a suprema forma de racionalidade positiva, reduziu drasticamente a função da Filosofia. Como reação, a fenomenologia de Husserl enfatizou o papel da Filosofia como conhecimento rigoroso da possibilidade do conhecimento cientifico e o estudo dos fundamentos, dos métodos e dos resultados das ciências. Já a Filosofia Analítica surgido desde o inicio do século xx reduziu a Tarefa da Filosofia à análise de linguagem, a partir dos problemas lógicos colocados pela ciência.

Ao percorrermos na história da Filosofia, as mais diversas definições, percebemos a vocação filosófica que se encontra sobretudo na colocação de problemas e menos na resolução deles. Mesmo porque, à medida que mudam as formas de relações humanas e o conhecimento do mundo, surgem novos questionamentos e perplexidades.

Diante da exigência didática de escolher um caminho no sentido etimológico primeiro de estabelecer um ¨método¨, convém, por questões práticas, antes de nos agarrarmos a uma definição de Filosofia buscar uma orientação para reconhecer atividade que possamos qualificar de filosóficas. Trata-se aqui de delinear alguns elementos(definições, propostas de atividade, sugestões de trabalho complementar) que podem auxiliar na contextualização mais adequada dos conhecimentos filosóficos no Ensino Médio.
Citaremos aqui a tentativa que alguns grandes filósofos fizeram de definir sua atividade.
¨...filosofia, tal como até agora a entendi e vivi, é a vida voluntária no gelo e nos cumes - a busca de tudo o que é estranho e questionável no existir, de tudo o que a moral até agora baniu.¨Friedrich Nietzsche (1889-1900)

¨Qual o seu obgetivo em filosofia? - Mostrar à mosca a saída do vidro.¨ Ludwig Wittgenstein (1889-1951)

¨A verdadeira filosofia é reaprender a ver o mundo.¨ Maurice Merleau Ponty (1908-1961)

Indico para pensar um pouco que você meu caro leitor, assista os filmes:

1 - O Nome da Rosa - do romance de Humberto Eco, que retrata uma biblioteca medieval com o conhecimento daquele periodo. Um bom exercício de lógica na investigação de assassinatos;

2 - Giordano Bruno - a vida e as idéias desse monge renascentista, cientista e filósofo e o trabalho da Inquisição que acaba por codena-lo a fogueira.

A filosofia não tem uma ¨receita-mágica¨para resolver os problemas da vida de ninguém, mas pode ser um instrumento interessante para entendermos melhor as situações pelas quais passsamos possibilitando que façamos escolhas mais bem pensadas.

Referências Bibliográficas:
CHAUI, Marilena, Convite à Filosofia: Ática, 1995
GALLO, S; KOHAN, W. (Orgs), Filosofia no Ensino Médio:Petrópolis,Vozes, 2000


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