Vídeo com tortura a presos derruba direção de presídio

Vídeo com tortura a presos derruba direção de presídio no ES

O secretário de Justiça e o presidente do Tribunal de Justiça do Espírito Santo anunciaram nesta quinta-feira o afastamento de três diretores e quatro agentes do Centro de Detenção Provisória de Aracruz, no norte do Estado, após o recebimento de gravações que registram abuso de autoridade e tortura psicológica contra detentos. As imagens são de presos nus sendo obrigados, sob ameaças, a andar agachados e fazer exercícios físicos em uma sala escura.

O desembargador William Silva, coordenador da Comissão de Prevenção e Enfrentamento à Tortura do TJ-ES, afirmou que o vídeo foi a mais grave das denúncias recebidas pela comissão. Apesar de não ter imagens dos presos sendo agredidos fisicamente, ele afirmou que a exposição a exercícios repetitivos caracteriza a pior forma de tortura, já que não há marcas que possam comprovar a agressão. 

"Aquilo é a pior forma de tortura porque provoca uma lesão interna e é mais difícil de ser diagnosticada. Essa prática é a pior forma de tortura. Só se consegue comprovar uma lesão neste caso com ressonância. Se um preso fizer esses exercícios repetidamente, como vem sendo denunciado, no outro dia ele nem consegue andar. A tortura neste caso é clara. Diante de tudo isso oficiamos o Ministério Público de Aracruz, o Procurador-Geral, para que acompanhe e peça com serenidade na apuração, e a Secretaria de Justiça (Sejus), para que tome as providências administrativas", explicou.

O TJ-ES adotou um sistema apelidado de "torturômetro" para informar à sociedade todas as denúncias referentes a tortura nos presídios capixabas. De janeiro até esta quinta-feira, o TJ recebeu 11 denúncias, sendo que a última dá conta de que um preso teria sido espancado no presídio de Segurança Máxima I, em Viana, na Grande Vitória. O caso também é apurado em uma sindicância.