domingo, 21 de novembro de 2010

Policiais com medo do Trabalho...

Cerca de 550 policiais civis, entre delegados, agentes e escrivães serão incorporados à Polícia Civil durante os próximos dias. Eles terão que enfrentar uma série de desafios, como   atuar em uma profissão de risco, muitos ainda sem experiência, a péssima estrutura física e humana das unidades policiais.  Porém, o mais árduo de todos os desafios é ser policial sem nunca ter efetuado um único disparo. O exercício básico da profissão não foi executado por uma boa parte dos calouros.

Carlos CostaSindicato denuncia que os novos delegados e policiais que serão incorporados  nos próximos dias, tremem de medo de atirar com armaSindicato denuncia que os novos delegados e policiais que serão incorporados nos próximos dias, tremem de medo de atirar com arma

Vilma ressalta que a quantidade de alunos que se queixaram da situação é preocupante e revela a falta de preparo adequado para os novos policiais que deverão iniciar suas atividades ainda este ano. A preocupação maior do Sinpol é com os riscos que o não cumprimento da carga-horária do curso de formação poderá acarretar, gerando prejuízos para a instituição e, principalmente para a sociedade. “Ele não vai manusear uma vassoura. Ele vai usar uma arma de fogo e isso requer conhecimento para evitar tragédias. Quem é que vai pagar pelos erros deles?”, questiona Vilma.

A formatura dos novos delegados, agentes e escrivães foi realizada na semana passada, em Natal, mas a integração deles à Polícia Civil do RN poderá ser prejudicada. A presidente do Sinpol adiantou a reportagem que pretende acionar o Ministério Público Estadual (MPE) e denunciar a falta de preparo dos novos policiais civis. “Recebemos policiais se tremendo, com medo do que poderia acontecer. São depoimentos que nos faze temer. Perdemos policiais que morreram em operação por falha e a responsabilidade por essas mortes é do estado, que não os preparou”.

Vilma   lembra que a realização do concurso público para novos policiais civis veio após vários anos de pressão por parte do Sindicato.  Os novos policiais serão incorporados numa situação extrema, quando a Polícia Civil encontra-se totalmente defasada, principalmente no interior do RN. Na opinião de Vilma, a pressa para colocar esses policiais nas ruas e sanar (parcialmente) o problema pode ter influenciado no fato de alguns não terem nem atirado.   

Governo afirma que os agentes foram treinados

O treinamento em operações policiais foi realizado pela Academia de Polícia Civil do Rio Grande do Norte em setembro deste ano. Em nota divulgada à imprensa, o Governo do RN divulgou que os 547 policiais civis passaram por todas as etapas do curso.

Os futuros agentes, escrivães e delegados realizaram o treinamento em operações policiais ministradas por instrutores altamente qualificados da Academia de Polícia Civil, de acordo com o Governo.

Ainda segundo o que foi divulgado pela assessoria de imprensa do governo, os alunos tiveram contato com armas de fogo (revólveres, pistolas, submetralhadoras, carabinas, espingardas e fuzis) e aprenderam como usar o armamento e técnicas policiais.

O diretor da Divisão de Combate ao Crime Organizado (DEICOR), delegado Ronaldo Gomes, que foi um dos instrutores do curso, enfatizou a qualidade do curso durante a formação da nova equipe.

Além dele, três agentes da Deicor e um   do Centro Integrado de Operações Aéreas do Rio Grande do Norte (CEIOPAER) ministram o curso aos alunos. Segundo Ronaldo Gomes, dois instrutores tinham concluído recentemente cursos de qualificação na Coordenadoria de Recursos Especiais do Rio de Janeiro (CORE), unidade de elite.
A denúncia é do Sindicato dos Policiais Civis e Servidores da Segurança Pública do Rio Grande do Norte (SINPOL), instituição que fiscaliza e defende os direitos da categoria. Segundo a presidente do Sinpol, Vilma Marinho, o sindicato foi procurado por alguns policiais recém-formados com uma grave denúncia: nunca atiraram. Durante a formação, uma série de aulas práticas e teóricas são ministradas para os policiais e uma das principais o uso da arma de fogo, seu principal instrumento de trabalho. “Muitos chegaram aqui desesperados, temendo o que poderia acontecer”, conta.

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